PANDEMIA
DE ELA
Oi
amigos e amigas dos portadores da ELA! Ao ler o título alguns de vocês devem
ter tomado um susto, não é mesmo? Principalmente, por estarmos vivendo uma
pandemia de Corona vírus, família que sofreu mutação surgindo o mais falado COVID-19.
Mas
já imaginaram uma pandemia de ELA? Misericooooodia. Mas na mensagem de hoje
gostaria de compartilhar com vocês a epidemiologia da ELA. Vamos lá?
Segundo
nosso amigo Wikepédia epidemiologia vem do
grego. epi "sobre" demos "povo" logos "estudo".
É a ciência das epidemias, que
estuda quantitativamente a distribuição dos fenômenos de saúde/doença,
e seus fatores condicionantes e determinantes, nas populações humanas.
Pois bem, apesar da ELA ou melhor da esclerose lateral amiotrófica, mais
conhecida como ELA, seja considerada uma doença rara, onde cerca de
dois casos para 100.000 pessoas/ano, ela representa um grande impacto pessoal e
socioeconômico para o indivíduo e para a sociedade.
Assumindo-se
que uma família completa se constitui de três gerações, e que cada indivíduo
tem dois filhos, e que o período de cada geração é de 20 anos, calcula-se que
um em cada 200 indivíduos tenha um membro familiar afetado pela ELA. Há maior
prevalência da doença na ilha de Guam em Nova Guiné Ocidental na península do
Kii no Japão.
Sob
uma forma mais geral, no estudo da ELA verifica-se que o sexo masculino é mais
comprometido que o feminino em uma proporção de 3:2 e os brancos são mais
afetados que os negros, com média de idade do início aos 57 anos, um pouco mais
precoce nos homens. Cerca de 10% dos casos afetados são pessoas com menos de 40
anos. A forma esporádica (sem contexto familiar ou hereditário) é a forma mais
comum desta doença, contabilizando cerca de 90% dos casos, apesar da ideia
atual referente à maior prevalência crescente de casos familiares.
A
média de sobrevida dos pacientes após o início dos sintomas é de dois a cinco
anos. Tal média vem se contradizendo quando observamos portadores que vivem
anos com essa doença o mais conhecido mundialmente Stephen William Hawking, cientista
do espaço, que viveu 55 anos com a ELA. A
evolução dessa doença leva o envolvimento bulbar (Paralisia Bulbar Progressiva ou
na ELA de início bulbar) a sobrevida é menor, variando de seis meses a três
anos, devido à ocorrência mais precoce das complicações respiratórias da
doença.
A
descoberta da íntima relação entre processo de morte do neurônio e ação do
glutamato (processo de neuroexcitotoxicidade), especulou-se que os Chamorros
poderiam estar expostos a algum agente neurotóxico. Por muitos anos, imputou-se
à farinha rica em Cycad a causa deste complexo clínico. Cycad, proveniente de
uma palmeira regional, é rico em beta–metil–amino- –L–alanina (BMAA), um
potente aminoácido excitotóxico. BMAA lesiona córtex motor de cérebro de
macacos e os Chamorros usam a farinha com Cycad para fazerem tortilhas.
Entretanto, o costume de lavar a farinha em água, processo que remove BMAA, não
permitia relacionar com precisão as tortilhas com o comprometimento neurológico
dos Chamorros, moradores da ilha de Guam.
Mais
recentemente, demonstrou-se uma relação íntima nesta população entre hábito
alimentar e desenvolvimento de ELA: ingesta de “flying fox”, uma espécie de
morcego com aspecto facial de raposa.
A análise de BMAA
neste morcego demonstrou a presença muito elevada
de
BMAA. Este aminoácido excitatório cruza barreira hematoencefálica e também se
mostrou aumentado no cérebro de seis pacientes com o complexo ELA/
Parkinson/Demência.
A
origem do BMAA encontra-se nas cianobactérias que vivem em simbiose com os
frutos de plantas, que por sua vez são fonte nutricional para os “flying-fox”.
Demonstra-se, assim, uma associação entre uma neurotoxina presente no meio
ambiente e um comprometimento cerebral onde ELA é uma característica dominante.
Interessante
o estudo da epidemiologia da ELA, não é mesmo? E por que não estudar sobre a epidemiologia
do Corona vírus, já que estamos em isolamento social? Seria um bom passa tempo.
Até quinta com ELA. Enquanto isso, se cuidem.
Fonte:
Livreto Informativo ELA – Esclerose
Lateral Amiotrófica. Atualização 2018. São Paulo, 2018. 90 p.