quinta-feira, 5 de março de 2020


Olá, amigos e amigas dos portadores da ELA, há quanto tempo, hein! Voltamos com quinta com ELA. Mensagens que são postadas todas as quintas-feiras sobre a doença Esclerose Lateral Amiotrófica na perspectiva do meu irmão Wellington Silva, portador da ELA. Obrigada pela sua companhia nos anos anteriores e desejamos tê-la, mais uma vez, neste ano de 2020. Vamos a mensagem de hoje?

O enfrentamento religioso como coadjuvante no tratamento da ELA



As pesquisas apontam que a religião proporciona conforto, apoio e esperança as pessoas que são acometidas por uma doença física e mental. Contando com esses benefícios da religião que meu irmão, Wellington Silva, diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica, desde 2018, tem encontrado forças para enfrentar essa doença.  E é com ele a mensagem de hoje.

“Situações estressantes, como conviver com uma doença neurodegenerativa, trazem grandes desafios tanto aos crentes como os descrentes. Inúmeros estudos mostram que muitos se voltam para a fé e a religião em busca de conforto, esperança e propósito para a vida. Se existe alguma força para enfrentar as provações, ela vem de Deus. Portanto, necessitamos nos apegar a esse poder e ajudar aqueles que sofrem a fazer o mesmo.

As estratégias que desenvolvemos para lidar com os problemas por meio da religião como uma maneira eficaz para superar as adversidades são mais um benefício que a fé nos proporciona enquanto vivemos nesta terra.

Há um grande número de estudos realizados nas últimas décadas com o objetivo de mostrar que em momentos de dificuldade, a maioria das pessoas recorre ao enfrentamento religioso para lidar melhor com a dor e o sofrimento. As pesquisas revelam também que o enfrentamento religioso positivo proporciona conforto, apoio e esperança quando uma pessoa é acometida por uma doença física e mental.

Enfrentamento é um termo da Psicologia que remonta aos tempos em que essa disciplina começou a ser estudada como ciência moderna. Particularmente, depois de ser diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), tenho testemunhado dos benefícios do enfrentamento religioso como coadjuvante no tratamento desta doença. Além dos cuidados de uma equipe de saúde multiprofissional, dos medicamentos e suplementos, o apoio de uma comunidade religiosa tem sido muito importante em mitigar o sofrimento emocional ocasionado pela doença.

No dia seguinte, após receber o diagnóstico, comecei a receber a visita de muitos amigos que trouxeram uma mensagem de conforto e oraram comigo. Como foi bom receber este apoio em um dos momentos mais difíceis da minha vida.

Pouco tempo depois eu viajei para São Paulo a fim de ser avaliado por outro neurologista. Num sábado à noite, minha filha me enviou pelo Watsapp uma foto do grupo da terceira idade que realizou uma vigília para orar por mim. Foi emocionante ver aquela foto. Eu estava aos prantos e grato por saber que aquelas pessoas com quociente espiritual elevado estavam intercedendo por mim.

Por duas vezes recebi a visita de ministros do evangelho que foram meus alunos e pediram para me ungir. Muitos pensam que a unção é apenas o ato de preparação de um paciente terminal para a morte. Mas a unção é praticada como parte de um ritual com o intuito de exercer influência espiritual, por vezes com a finalidade de abençoar ou mesmo curar.

Nos momentos em que a nossa fé fica fragilizada, é maravilhoso saber que existem pessoas que se importam com a gente. Quero concluir agradecendo aos meus familiares, amigos, alunos e ex-alunos, irmãos de fé e até mesmo pessoas desconhecidas que ao saberem da minha doença, têm orado continuamente por mim. Saibam que estas orações têm me sustentado e enchem o meu coração de esperança.” Até quinta com ELA!