quinta-feira, 12 de dezembro de 2019


Atividade física pode desenvolver ELA?


Olá, amigos e amigas dos portadores da ELA! Quem gosta de exercitar o corpo? Uma boa parte das pessoas, não é mesmo? Isso é muito bom.

Meu irmão Wellington, portador da ELA, na sua juventude, sempre exercitou seu corpo. Participou de várias corridas. Lembro-me que quando ele ia treinar nos levava juntos, eu a alguns dos meus irmãos.

Costumava treinar no Centro Social Urbano, localizado no bairro da Caixa D’água, em frente ao hospital Anna Nery.  Lembro-me que ele cronometrava o tempo que tínhamos que correr de uma ponta a outra da pista. As vezes sentia que meu coração ia sair pela boca. Kkkkkk

O treino ao longo do ano era necessário para participar das corridas que aconteciam ao longo do ano. Uma delas era realizada pela Caixa Econômica Federal. Quase todas as noites lá estava ele treinando. Pois só assim, condicionava o corpo para ter uma boa performance nas corridas.

Treinos e treinos é o que leva a excelência de um atleta. E nesse processo é inevitável não ter desgastes físicos. Mas para quem tem a predisposição a ter ELA, acredita-se que trauma físico, tanto mecânico, elétrico, ou cirúrgico é o fator de risco maior e mais consistente.

Parece que essa doença tem predileção pelo gênero masculino. Estudos de revisão crítica de literatura tem demonstrado uma relação estreita entre atividade física intensa e ELA.  Aran, 1850 (palhaço acrobata), Lou
Gehrig, 1940 (jogador de Beisebol), três jogadores de futebol, 1960 (jogadores de Futebol Americano, do San Francisco, Califórnia, EUA), todos desenvolveram ELA.

Estudos populacionais têm demonstrado que jogadores de futebol profissional, maratonistas ou militares veteranos apresentam um risco 20 vezes maior para o desenvolvimento de ELA.

Na Itália, ouve estudos que associou a utilização frequente de drogas nos esportes competitivos e com os seus possíveis malefícios. Também, verificou-se um aumento de doenças, como ELA, AIDS e doenças cardiovasculares nestes esportistas quando comparados com outras populações.

Ainda na Itália, na Universidade de Turin, de olho nos atletas, foi feito um estudo com todos os jogadores de futebol da liga italiana (profissional e júnior). O objetivo era verificar se realmente havia aumento da incidência de ELA nestes esportistas.

A fonte de pesquisa utilizada, foi o álbum de figurinha dos jogadores (Compania Paniny), os certificados
de óbito e as informações obtidas de noticiário da imprensa. O estudo se prendeu entre os anos de 1970 a 2001, foram inscritos 7325 atletas como jogadores de futebol. 1041 desses inscritos não foram analisados, por não serem atletas italianos.

Usando os critérios de El Escorial quando a ELA é diagnosticada CLINICAMENTE DEFINITIVA, CLINICAMENTE PROVÁVEL, CLINICAMENTE PROVÁVEL COM SUPORTE LABORATORIAL e POSSÍVEL. 33 atletas estavam relacionados, um achado expressivo, com um número muito superior ao esperado.  

Levou em consideração, também, a idade deles, a média de idade do início dos sintomas foi de 43,4 anos quando comparada a de outros núcleos populacionais com ELA na Itália (média de 57 anos). O jogador mais afetado era aquele que tinha uma posição no time de meio campista.

Estes dados mostrou-se uma relação forte entre atividade física intensa e desenvolvimento de ELA. Houve
Especulação de que o fator desencadeador foram traumas repetitivos na cabeça ao cabecear bolas inúmeras vezes.

Mas, levou em consideração que meio campista cabeceia menos bolas que atacantes e zagueiros, um outro fator deve ser relacionado. Então pensaram, que a doença esteja associada com a atividade do correr.

São muitos quilômetros por partida corrido, podendo desenvolver microtraumas musculares, com liberação de substâncias potencialmente tóxicas, desencadeando uma cascata de processo degenerativo e morte do motoneurônio.

Interessante esse estudo, não é mesmo? São hipóteses, conjecturas, mas que ainda não desvendam a real causa da ELA.

Como diz um trecho da música de Kid Abelha: “Nada sei dessa vida, vivo sem saber, nunca soube, nada saberei, sigo sem saber”, mas com a esperança de que alguém, em um dia, muito breve, saiba o que causa a ELA e a sua cura. Até quinta com ELA.

Fonte:

Livreto Informativo ELA – Esclerose Lateral Amiotrófica. Atualização 2018. São Paulo, 2018. 90 p.

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