Nascimento, VIDA X Doença, MORTE
Por: Michele Machado
Olá queridos e querida de Quinta com ELA e Demais Doenças!
Como têm vivido? Desejo que simplesmente vivam. Em falar em vida, o antônimo de
vida é morte. E quem nasce um dia morrerá. São duas palavras intimamente ligadas,
mas uma é bem vista já a morte é repulsiva e incômoda para quem fala.
Isso se dá pelo fato de vivermos em uma sociedade que
exalta a vida, que celebra o nascimento, mas esquece do óbvio que é a morte. Interessante
que existe até mesmo os preparativos para o nascimento. Os pais, familiares e
amigos fazem parte desse processo. Uns de forma indireta dando sugestões de
nomes, decoração do quarto e até mesmo pitaco quanto ao sexo. Será menina ou menino? ...kkkkk
Já outros, como, os pais, entram com a ação, principalmente
com o larjan (economicamente falando). Nove meses para se prepararem para a
chegada do bebê. E ao nascer celebram esse dia, e ao longo dos anos também.
Todo ano tem uma festa com bolas de assoprar, doces, salgadinhos, palhaço e o
famoso bolo.
Atualmente, a celebração dos aniversários dos bebês
não é mais anual e sim mensal. É chamado de MENSÁRIO. Uma mini festa
mensalmente. Doze bolos, doze tipos de doces, doze tipos salgados, doze tipos
de decoração, doze tipos de convidados e etc e tal.
Fico pensando... Ao completar um ano, será que ainda
existe saco para os pais comemorarem mais uma festinha para seu bebê? kkkk...
Lembro-me que meu filho ao completar sete anos, não tinha mais saco para
festinhas, então, optei por outras formas de celebração. ...kkkk
Observaram quanta celebração e disposição para
celebrar a vida? Mas, quanto a morte, por favor, vamos falar de outra coisa?
Não é assim que muitos falam? Existe uma cena no filme de Poliana Criança em
que uma personagem supostamente adoentada, mas eu acho que ela era hipocondríaca,
não sei. Tenho que assistir mais uma vez esse filme, que estava deitada na cama
escolhendo os tecidos para o seu funeral.
Poliana ao ver aquilo ficou revoltada, e de mal com a
personagem, pois a queria viva, e ao invés dela ficar gastando dinheiro com
aquela “bobagem” deveria ajudá-la a recardar dinheiro para o orfanato da cidade
que estava para fechar por falta de manutenção.
A personagem adoentada ao ver a reação de Poliana,
mandou que o funcionário da funerária fosse embora e passou a costurar os
retalhos que Poliana havia deixado sobre sua cama para que a mesma costurarasse
uma colcha de retalhos afim de ser doado para angariar fundos para o orfanato
da cidade.
Bonitinha a cena, não é mesmo? Vale a pena assistir
mais uma vez esse filme. Mas Poliana, a personagem hipocondríaca e todos os atores
desse filme já morreram. A morte, queridos e queridas é inevitável. É um
processo fisiológico de desgaste ou de defeito, ou de tragédia, imposto ou não,
de todo organismo VIVO.
Sempre a morte tem um motivo. Morreu de quê? Não é
assim? E quando não se explica ou quando a pessoa é bem velhinha diz que a
morte foi de causas naturais ou desconhecida. Vocês devem estar pensando: “o
que essa mensagem tem a ver com um blog que fala de doenças?” Tem tudo a ver.
Pois, uma doença mal curada leva a morte e sem cura também. Que, inclusive, a
doença, é uma desculpa para a morte.
A esclerose lateral amiotrófica, mais conhecida como ELA
é uma doença que, até o momento, não tem cura. E o meu irmão Wellington Silva, que
é portador dessa doença, e que me inspirou a criar esse blog, é portador dessa
doença. No último domingo, após o sábado que comemoramos o dia dos namorados,
aconteceu algo muito interessante que me inspirou a escrever a mensagem de hoje.
No dia dos namorados, que nesse ano, caiu no sábado,
ao peregrinar em alguns pontos da cidade de Salvador que fizeram parte da minha
história de namoro com meu marido. A praça da Soledade foi um deles. Pois, foi
lá que eu e meu esposo nos beijamos pela primeira vez.
Ao descer a ladeira da soledade e observar vários casarões
em ruinas e escorados por vincas de ferro, comentei com meu marido: quantos
beijos foram dados nessa praça, e quantas gerações já passaram por aqui. E
todos estão mortos. E nós também iremos morrer. Por isso, que temos que viver a
VIDA da melhor forma possível. Mas cientes que a morte chegará para todos nós”.
Mas antes de sair de casa, ao me arrumar, sem querer,
achei uma chave que havia procurado a algum tempo, mas não havia encontrado.
Olhei para ela e disse: “como eu queria encontrar a cura da ELA como encontrei
essa chave, sem querer”.
A sim como Isaac Newton, deitado debaixo de uma
macieira onde de repente, uma maçã caiu em sua cabeça e a partir dali ele pode
formular a teoria da gravidade. Lógico, que ele teve um conhecimento prévio para
tal constatação. Prossigamos...
No dia seguinte, no domingo à noite, meu irmão
Wellington foi convidado para dar um estudo bíblico em uma live para um grupo
de pessoas. Lá ele falou sobre a experiência de Jó. E disse que Jó havia sido
restaurado do seu sofrimento, mas em sua época, em um determinado momento de
sua vida, ele morreu.
Em meio a uma discussão, meu marido comentou algo, que
fechou a minha reflexão sobre a morte. Ao falar sobre Lázaro, irmão de Maria e
Marta que morreu de uma enfermidade. Mesmo sendo ressuscitado por Jesus, em um
determinado momento de sua vida, ele também morreu de novo.
Diante dessa reflexão, espero que entendamos que assim
como a vida é uma etapa para a nossa existência, a morte também o é. Isso não
significa que iremos celebrá-la, mas vê-la de forma como algo inerente ao ser
vivo.
Sei que cada um tem suas convicções religiosas acerca
da morte. E que continuem a tê-las. Mas o bom da vida e da morte é que construímos
uma relação e espero que seja uma relação sadia e que propicie bons momentos. E
que no final de nossas vidas possamos ver o quanto foi bom termos nos conhecido.
Até quinta com ELA e Demais doenças!